Share |

Bloco apela a PSD que “deixe cair” André Ventura e a CDU e PS que recusem acordos

O cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda em Loures apelou esta terça-feira ao presidente do PSD para que "deixe cair" o apoio ao candidato André Ventura, interpelando ainda CDU e PS para que recusem acordos de governação autárquica com os sociais-democratas.

"Estendemos esse apelo ao PS e à CDU, constituída pelo PCP e PEV. Que sejam claros, que se pronunciem, e fazemos votos que recusem e façam das palavras do Bloco as suas, que digam desde já que estão indisponíveis para fazer qualquer tipo de acordo de coligação, de maioria, de governo, com o PSD e com André Ventura", apelou Fabian Figueiredo.

Numa conferência de imprensa na sede nacional do Bloco de Esquerda, em Lisboa, Fabian Figueiredo referiu-se ao "acordo de governo" que o atual presidente da Câmara, Bernardino Soares (CDU), mantém com o PSD, e ao executivo da freguesia de Santo António dos Cavaleiros, governado por PS e PSD.

O cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda desafiou o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, a "questionar-se e ponderar seriamente" que "deixe cair André Ventura como candidato à Câmara Municipal de Loures", contra o qual os bloquistas moveram uma queixa-crime por incitamento ao ódio e discriminação racial, pela forma como se referiu à comunidade cigana.

"Pedro Passos Coelho tem de dizer ao país se o PSD, do centro-direita, passou a identificar-se com candidatos e candidaturas que se enquadram sem alguma dúvida no campo da extrema-direita onde também cabem Marine Le Pen, Donald Trump e Nigel Farage", desafiou.

O PSD reiterou hoje o apoio à candidatura, depois de o CDS-PP anunciar o abandono daquela coligação em Loures e ter expressado "profundo incómodo" com as declarações de André Ventura, entre as quais de que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito", considerando que tal acontece particularmente com a comunidade cigana.

No apelo a CDU e PS, Fabian Figueiredo defendeu que os partidos se entendam em Loures numa "forma de governo dialogante à esquerda", apelando à recusa de entendimentos "com partidos políticos que promovam a discriminação racial e o incitamento ao ódio".

"É uma exigência democrática, é um sinal que temos de dar à comunidade, ao concelho de Loures, que não toleramos que no sexto maior município do país, um candidato de extrema-direita queira fazer campanha explorando os piores sentimentos sociais e atacando quem vive, quem trabalha, quem é nosso vizinho, atacando milhares de cidadãos no concelho de Loures", sustentou.

Sobre André Ventura, o candidato do Bloco considerou ainda caricato, mas também "demonstrativo do estilo ‘trumpista'" do cabeça-de-lista do PSD, "decidir fazer campanha com a bandeira da insegurança no concelho, quando o pelouro da segurança, da polícia municipal, nos últimos quatro anos, esteve entregue ao vereador Nuno Botelho, do PSD".

Numa entrevista publicada na semana passada pelo portal Notícias ao Minuto, André Ventura falou sobre uma "excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas".

Na segunda-feira, numa entrevista ao jornal i, questionado sobre de que minorias falava, André Ventura afirmou que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito", considerando que tal acontece particularmente com a etnia cigana.

Agência Lusa