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Discurso de apresentação do candidato à Assembleia de Freguesia de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela Guilherme Góis

Bom dia a todas e a todos, em primeiro lugar queria felicitar a atleta Liliana Cá e seus treinadores da Associação Desportiva Novas Luzes, com sede na Bobadela, pela sua chegada à final dos Jogos Olímpicos em Tóquio na modalidade de Lançamento do Disco, à qual é recordista nacional. A nossa união de freguesias está muito bem representada com a Liliana, os meus parabéns,

Em segundo lugar quero agradecer a vossa presença nesta sessão pública, em que apresentamos as candidaturas do Bloco de Esquerda à união de freguesias de Moscavide e Portela, União de freguesias de Sacavém e Prior Velho e União de freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela.

O meu nome é Guilherme Góis, tenho 18 anos, sou estudante no ensino politécnico e vivo em Santa Iria de Azóia desde os meus 8 anos. Fiz o ensino básico na Escola de Pirescoxe porém vim estudar para Lisboa a partir do ensino secundário.

Como disse, vivo desde novo na freguesia. Nessa altura, nada do que se está a passar atualmente no Mundo era sequer imaginável.

Hoje vivemos em tempos particularmente difíceis, numa altura atípica e com muitas dificuldades. Dificuldades essas que agravaram as desigualdades, a pobreza e a exclusão social. A crise pandémica para além das graves consequências a nível de saúde pública, enfraqueceu e precarizou ainda mais a condição socioeconómica das famílias.

Sem dúvida alguma esta é uma realidade tremendamente ofensiva para quem vive do seu trabalho. Houve e continua a haver perda de rendimentos e despedimentos. Vimos pequenos comerciantes a passar uma enorme dificuldade para manter o seu negócio. É visível também que as mulheres saem mais sobrecarregadas com tudo isto. A acrescentar ao trabalho reprodutivo e de cuidados, é de salientar que as mulheres são as que são mais empurradas para a precariedade. O trabalho da mulher no quotidiano, no trabalho e na família, continua a ser injustamente desvalorizado.

É crucial que a Junta de Freguesia induza e incentive a Câmara Municipal a elaborar mecanismos de apoio às mulheres mais precárias, materializando esses apoios em ajuda financeira ou na prestação do serviço de cuidados, caso haja essa necessidade para com as famílias dessas mulheres. A junta pode e deve intervir nesta matéria junto da Câmara Municipal. Mas a junta tem também de ser autónoma na elaboração de políticas públicas inclusivas na freguesia que promovam a igualdade de género nos seus serviços públicos e sobretudo na vida social.

É necessário que a junta de freguesia de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela esteja na linha da frente pela promoção de empregos com salários dignos, com direitos e na defesa de atividades económicas comprometidas com o bem-estar do ambiente.

A junta tem de estar perto das necessidades das famílias mais debilitadas e prejudicadas pela pandemia. É fundamental reforçar o apoio prestado a IPSS assim como as verbas para apoiar pessoas em situação de pobreza. Jamais poderemos vencer uma crise sem assumirmos uma perspetiva e uma ação verdadeiramente solidária para quem mais sofre com ela.

Sabemos bem o estado em que algumas famílias se encontram, e sabemos bem o quão importante é ir à luta por elas. Uma união de freguesias solidária é uma união de freguesias que defende com clareza a dignidade de todas e todos nós.

Apoiar e promover o comércio local é também uma medida justíssima para quem tem o seu negócio aqui na freguesia. São negócios que precisam de visibilidade e promoção. Cabe à junta ter esse papel.

O Bloco de Esquerda compromete‐ se com essas reivindicações. Assim estaremos a responder a quem fortemente sofreu com a pandemia, a quem cá trabalha e a quem cá vive, sem deixar ninguém para trás.

 Os estudantes também foram profundamente afetados pela pandemia. As desigualdades existentes no acesso à Educação acentuaram‐se e o ensino online veio destabilizar por completo o desenvolvimento e acompanhamento escolar dos alunos. A saúde mental dos jovens, uma questão muitas vezes ignorada e esquecida, fragilizou‐se com o isolamento e com a perda de rotinas.

Também as condições precárias que algumas escolas se encontravam, pioraram com a pandemia. Em recursos humanos e materiais. É inconcebível que a quantidade de comida nas refeições servidas em algumas das cantinas escolares da união de freguesias tenha reduzido drasticamente. Isto é inadmissível! É essencial que a Junta de Freguesia assuma uma posição forte e de compromisso com a Escola Pública e com o seu funcionamento. É determinante que se assegure a contratação pública destes serviços, com destaque para as cantinas, e que garantam a qualidade do serviço e o respeito pelos direitos dos trabalhadores, setor do qual as mulheres são a grande maioria. A par disso, a junta tem de salvaguardar e assegurar às escolas e aos estudantes todo o material logístico necessário para o bom funcionamento das aulas.

Mas não nos esqueçamos da questão da saúde mental, porque é um assunto extremamente importante. É necessário e urgente que se reforcem os psicólogos nas escolas. Não se pode ignorar um problema profundamente impactante em todas e todos nós, especialmente para os mais jovens.

A inclusão deve ser o princípio basilar de qualquer escola e por isso a junta, em articulação com os agrupamentos escolares não deve deixar de reforçar os mecanismos de combate ao insucesso escolar. Os moldes competitivos do ensino e a exagerada sobrecarga sobre os estudantes são o impedimento para um ensino justo, igualitário e respeitador do estado de saúde e emocional dos e das estudantes. As Escolas têm um papel central na promoção da igualdade e solidariedade, contra as discriminações, opressões sociais e o discurso de ódio. Lutamos por um ensino inteiramente inclusivo, respeitador de todos e de todas e que promova o apoio mútuo escolar e não a competitividade.

Pela defesa da Escola Pública, dos seus estudantes, dos seus docentes e restantes funcionários e funcionárias, o Bloco de Esquerda diz presente.

Uma união de freguesias que seja coesa e que tenha no centro das políticas públicas a mobilidade, é uma união de freguesias inovadora e que responde transversalmente às pessoas e ao ambiente. A nossa união de freguesias precisa de um reforço dos transportes rodoviários.

As pessoas que vivem na Bobadela ou em São João da Talha e que se deslocam para o trabalho ou escola com o transporte ferroviário, o comboio, continuam sem opções de transporte rodoviário que faça, nas horas de mais movimento, a trajetória das localidades até à Estação de comboios, como já existe em Santa Iria. A oferta do transporte com essa trajetória é uma necessidade fundamental para os moradores. As estações de comboio não são relativamente ao lado das localidades, a acrescentar que não há ciclovias disponíveis de acesso à estação.  

O Bloco viu aprovada na Assembleia Municipal a sua recomendação para uma criação de uma rede municipal de ciclovias e uma rede de bicicletas elétricas partilhada. Relembro que na união de freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela há uma grande carência de ciclovias. Esperemos portanto que esta medida seja efetivamente implementada.

O Bloco de Esquerda posiciona‐se sempre a favor da mobilidade sustentável e das políticas públicas que intervenham na coesão e ordenamento do território, porque só assim os interesses das pessoas e do ambiente estarão protegidos.

Queremos incluir e harmonizar. A harmonia é um sentimento mútuo de todas e todos nós e tem igualmente de o ser para o ambiente. Harmonia também significa respeitarmos o ambiente, os seus ecossistemas e o seus seres animais (e sobretudo, convivermos com eles). A freguesia tem imensos e bonitos espaços verdes, aos quais a junta pode e deve incentivar a população ao usufruto. A freguesia deve apostar na ampliação e na requalificação dos espaços verdes das localidades. O ambiente é indiscutivelmente uma parte integrante e fundamental da nossa vida em comunidade.

E por isso é que o combate às alterações climáticas é o grande desafio das nossas vidas, das nossas e das futuras gerações. Sabemos que ao lutarmos por justiça climática, lutamos por justiça social.

Para isso, temos de ser exigentes. A nossa união de freguesias está integrada no projeto Eco‐Freguesia, mas não podemos ficar pelo simbolismo, precisamos e necessitamos de respostas fortes nesta matéria. Esta união de freguesias, como todo sabemos, é composta pelas zonas mais industrializadas do concelho de Loures. Estas atividades têm um impacto tremendo na qualidade de vida das populações, é fundamental que sejam promovidas e implementadas medidas de controlo que minimizem esses impactos e que corrijam os excessos causados por essas atividades industriais.

O Bloco de Esquerda e eu tudo faremos para que estas reivindicações sejam implementadas. Sabemos e assumimos que nos tempos que correm, se não nos agarrarmos ao ecologismo e à luta pela justiça climática, não há nenhum futuro que se avizinhe. Estaremos sempre comprometidos com esse combate, porque ao fim ao cabo, não há planeta B.

Para terminar, quero dizer‐vos que aceitei com muito gosto e com muito orgulho o convite do Bloco de Esquerda para encabeçar esta lista. Agradeço aos e às camaradas por confiarem em mim. Estou entusiasmado e empenhado. Eu, a minha lista e as restantes listas do Bloco queremos e desejamos construir um futuro melhor em que todos e todas se sintam bem e incluídas na sua comunidade. Afirmamo‐nos na luta contra o racismo, a xenofobia, o sexismo e machismo e contra a violência física e psicológica à comunidade LGBTIQ+. Lutamos pela dignidade de todas e de todos.    

Como disse e bem o Fabian Figueiredo na anterior sessão pública do Bloco de Esquerda de Loures, a solidariedade é a essência de todo o nosso programa e da nossa atividade política.

Sejamos combativos e solidários. Força Bloco, vamos à luta!