Fabian Figueiredo criticou a recusa do PS ao diálogo e afirmou: “o Bloco é a única força que conta para uma política mais exigente, à esquerda, a favor das pessoas e para evitar o regresso das maiorias absolutas ao município de Loures”.
Neste domingo, 24 de setembro, realizou-se um comício em Sacavém (concelho de Loures) em que intervieram Amélia Vitorino, mandatária da candidatura, José Franco, candidato à União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho, Fabian Figueiredo, candidato à Câmara de Loures e Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda.
Na sua intervenção, Fabian Figueiredo lembrou que o PSD nunca ganhou uma eleição municipal e destacou que se não ganhou “com um programa de direita, também não o ganhará com um programa de extrema-direita”.
O candidato apelou então aos candidatos da CDU e do PS (Bernardino Soares e Sónia Paixão) a que não se gastem energias “a criar muros entre os democratas e as forças progressistas do concelho: a alternativa só está dependente da vontade de todos nós e de ultrapassarmos a nossa autossuficiência”.
Fabian Figueiredo salientou que “ninguém tem saudades dos 12 anos de governação do PS em Loures” e, por isso, “o PS não é alternativa política no concelho”.
O candidato bloquista afirmou que em Loures “em matéria de transparência, temos um longo caminho a percorrer”, salientando que: “Temos que acabar com as nomeações e as adjudicações por cartão partidário e premiar a competência”. E exemplificou com “a entrega da administração da empresa municipal LouresParque a militantes do PCP e do PSD, ou a nomeação para o lugar do Veterinário Municipal de um jurista do PSD”, assim como com outros casos. “No dia 1 de outubro, um voto no Bloco de Esquerda é também um voto para virar a página das nomeações partidárias, dos jobs for the boys e das negociatas”, sublinhou.
“Somos uma alternativa no município, mas o Bloco de Esquerda não se apresenta para criar crises de governabilidade ou bloqueios na vereação. Viemos para contribuir com soluções” afirmou também Fabian Figueiredo.
Criticando a recusa ao diálogo por parte da candidata do PS, Sónia Paixão, Fabian Figueiredo afirmou: “aos socialistas, aos cidadãos e cidadãs do concelho de Loures, que olham com expectativa para a solução política encontrada na Assembleia da República, que sabem que resolvemos os problemas e melhoramos a vida das pessoas, dialogando à esquerda, podem contar connosco”.
E concluiu: “Quem quer que seja a esquerda na sua pluralidade a governar, pode contar com o Bloco de Esquerda”.
Leia o discurso de Fabian Figueiredo na íntegra
O concelho de Loures sempre teve terras férteis. É uma marca distintiva deste concelho. Aliás, os seus campos forneceram em tempos as cortes e as gentes de Lisboa.
Aqui sempre nos habituamos a ver nascer várias culturas e o trabalho árduo a dar os seus frutos. Muita coisa aqui pegou de estaca e nasceu dos campos.
Mas, esta terra, que fez a sua parte para a liberdade de Abril nascer, sempre se revelou árida para a direita e, acima de tudo, para a extrema-direita.
O PSD nunca aqui ganhou uma eleição municipal com um programa de direita, também não o ganhará com um programa de extrema-direita.
Este é um concelho que construiu a liberdade de Abril e que a celebra todos os anos com orgulho.
A candidatura do PSD é hoje uma candidatura derrotada. E não o seria se não nos tivéssemos empenhado desde o primeiro dia.
Nós nunca tivemos dúvidas que havia um combate democrático a ser feito em Loures. Fizemo-lo e hoje, o PSD, poderá quanto muito, no dia 1 de outubro, orgulhar-se de ter absorvido os votos do PNR, que desta vez decidiu não apresentar candidatura.
Nós nunca alimentamos ambiguidades, não esperemos até à 25ª hora para dizer que não faremos nenhum acordo com André Ventura. Nem das nossas palavras podia vez alguma ler-se um elogio a quem procura mobilizar os ventos do ódio para efeitos eleitorais.
Agora, o fantasma de André Ventura não pode servir para dividir a esquerda?
O PS diz que não haveria André Ventura sem a CDU, a CDU acusa o PS de ter admitido que faria um executivo com André Ventura e disso ter reforçado a candidatura extremista do PSD. E enquanto dura esta discussão, estamos a falhar ao essencial que é a vida das pessoas.
O Bloco de Esquerda não se engana nos seus adversários e somos humildes quando reconhecemos que todos fazemos falta no combate ao populismo de extrema-direita.
Faço um apelo a Bernardino Soares e a Sónia Paixão para não gastarmos energias a criar muros entre os democratas e as forças progressistas do concelho: a alternativa só está dependente da vontade de todos nós e de ultrapassarmos a nossa autossuficiência.
Ninguém tem saudades dos 12 anos de governação do PS em Loures. Aliás, nem o próprio PS assume essa herança. É por isso que, hoje, o PS não é alternativa política no concelho. Não assume o seu percurso nem traz novidade, só um discurso de isolamento.
Qual é a principal crítica do Bloco à CDU? Ter-se dedicado exclusivamente a gerir a dívida deixada por Carlos Teixeira. Isso era necessário - e as contas da Câmara estão melhor, ninguém o pode negar - mas faltou força para o essencial, nos transportes, na habitação e no reforço dos serviços públicos, muitos dos problemas do concelho só estão 4 anos mais velhos.... Também aqui se devia ter percebido que havia vida para além da dívida.
Por outro lado, em matéria de transparência, temos um longo caminho a percorrer. Temos que acabar com as nomeações e as adjudicações por cartão partidário e premiar a competência.
A entrega da administração da empresa municipal LouresParque a militantes do PCP e do PSD, ou a nomeação para o lugar do Veterinário Municipal de um jurista do PSD são disso exemplo. Mas também a recente história que veio a público.
Que uma agência de comunicação cujo administrador é um ex-vereador da CDU na Câmara de Loures, tem contrato - num valor que totaliza, ao ano, largos milhares de euros - com três juntas de freguesias governadas pela CDU e com a Câmara Municipal de Loures.
Para além da curiosa coincidência em torno destes contratos. É também curioso o silêncio do PSD e do PS sobre tudo isto.
Mas, eu explico. É difícil acreditar, mas quando o assunto foi levado a reunião de Câmara, não só levantaram não objeções como votaram favoravelmente a este contrato!
No dia 1 de outubro, um voto no Bloco de Esquerda é também um voto para virar a página das nomeações partidárias, dos jobs for the boys e das negociatas.
“A maioria absoluta é o sonho dos políticos e o pesadelo da democracia. É o cheque em branco à arrogância e o principal motivo dos problemas do país”. Fim de citação. Há uns anos, Bernardino Soares afirmava desta forma que nenhuma maioria absoluta servia o país. Pois o que é verdade para o país, é também verdade para Loures.
Não é colocando todos os ovos no mesmo cesto que se constroem as melhores soluções à esquerda. Por exemplo: se tivesse havido uma maioria absoluta da CDU nestes últimos 4 anos, ela teria impedido a aprovação do Orçamento Participativo - a CDU foi o único voto contra o Orçamento Participativo em Loures, o que até é de estranhar, porque foi a CDU a primeira a avançar, noutros concelhos, com essa experiência.
Aos e às munícipes de Loures deixamos uma certeza: somos uma alternativa no município, mas o Bloco de Esquerda não se apresenta para criar crises de governabilidade ou bloqueios na vereação. Viemos para contribuir com soluções.
Quando a direita se marginaliza na política do ódio, não conta para soluções. Quando o PS recusa qualquer balanço crítico dos seus 12 anos de maioria e se fecha na sua falta de proposta, não conta para soluções.
Em Loures, o Bloco é a única força que conta para.
1) uma política mais exigente, à esquerda, a favor das pessoas;
2) evitar o regresso das maiorias absolutas ao município de Loures.
Por isso, não nos colocaremos de fora da procura de entendimentos à esquerda, queremos contribuir construtivamente para a melhoria das condições de vida dos cidadãos e das cidadãs de Loures. O enquistamento partidário e a autossuficiência nunca resolveram nenhum problema.
Quando a candidata do PS, Sónia Paixão nega qualquer diálogo, está a mostrar uma arrogância que já não deveria fazer parte da democracia. É caso para dizer que o PS, em Loures, ainda está agarrado ao passado. É chegado o momento de derrubar os muros (parafraseando António Costa) que impedem que a esquerda se sente à mesa para discutir as alternativas de progresso.
Por isso, aos socialistas, aos cidadãos e cidadãs do concelho de Loures, que olham com expetativa para a solução política encontrada na Assembleia da República, que sabem que resolvemos os problemas e melhoramos a vida das pessoas, dialogando à esquerda, podem contar connosco.
Quem quer um tempo novo em Loures pode confiar o seu voto no Bloco de Esquerda. Quem quer que seja a esquerda na sua pluralidade a governar, pode contar com o Bloco de Esquerda.
Por último:
A quem não encontra emprego;
A quem a precariedade desestabiliza o futuro;
A quem espera e desespera pelas horas no trânsito todos os dias para ir trabalhar para Lisboa;
A quem viu a crise levar os seus vizinhos e os seus familiares;
A quem vê o Metro como uma promessa distante;
A quem paga IMI há anos, mas não vê a sua casa legalizada;
A quem os medicamentos levam a pensão;
A quem paga mais pela creche do que por um curso na Universidade;
A quem, por viver num bairro social, por pertencer a uma minoria étnica, a outra nacionalidade, ser afrodescente…É alvo de ódio e racismo;
A quem por ser mulher ou pela sua orientação sexual é vítima de discriminação;
A quem sente raiva e a angústia por se levantar cedo todos os dias e se deitar tarde e o salário ser tão curto:
A quem faz por manter o seu pequeno negócio, a sua pequena empresa, uma batalha de todos os dias;
A quem vem debaixo e sabe que o sol não brilha todos os dias e que o subir os degraus custa o dobro e não desiste de lutar pelo seu futuro;
Quero que saibam que não estão sozinhos. Ouvimo-vos, estamos ao vosso lado. Carregamos a cruz juntos.
Sei, sabemos que têm contado connosco. No dia 1 de outubro, contamos convosco, para fazer a diferença no concelho de Loures. Vamos a isso!