Bom dia a todos e a todas, gostaria de começar por agradecer a vossa presença neste comício de apresentação da candidatura às Juntas de Freguesia de Loures e Santo António dos Cavaleiros e Frielas.
Para quem não me conhece, o meu nome é Raquel Vitorino, tenho 21 anos, sou estudante universitária e aceitei o convite por parte do Bloco de Esquerda Loures para construir e trabalhar nesta campanha como Mandatária da Juventude.
Foi no concelho de Loures que cresci, vivi e estudei durante largos anos até ingressar no Ensino Superior. Foi aqui que aprendi a ler, a escrever e foi aqui que me formei até ser a pessoa que sou hoje.
Sinto-me como uma filha do nosso concelho, e como tantos outros jovens que aqui cresceram, preocupo-me com o futuro do concelho e sinto os problemas de quem cá vive, estuda e trabalha e lembro-me bem do que é ser uma estudante no nosso concelho.
Sei o que sentem os e as jovens que são discriminadas por gostar de brincar ou praticar atividades que, segundo a sociedade, não se adequam ao género que lhes foi designado à nascença; testemunhei muitas vezes colegas meus e minhas serem discriminadas pela sua etnia, pela sua orientação sexual ou identidade de género, e infelizmente testemunhei também colegas meus serem motivo de chacota por não terem possibilidades de comprar refeições na cantina da escola. E é aqui que a escola pública desempenha um papel muito importante e pelo qual nós devemos lutar.
A educação é um direito ao qual muitos ainda não têm acesso, e por tal devemos todos e todas nos empenhar na construção de um ensino que seja acessível a todos, um ensino que se comprometa a combater a discrimação, a intolerância, o preconceito e as desigualdades sociais. Mas também não esquecemos a luta da comunidade escolar do nosso concelho, que tanto fez para melhorar as condições de quem estuda e de quem trabalha nas nossas escolas.
Dizem que os jovens são o futuro, mas para construir esse futuro precisamos de ver garantidos os nossos direitos e precisamos que nos sejam dadas as condições condignas para podermos estudar, trabalhar e construir esse futuro inclusivo e democrático que todas e todos devemos ambicionar.
Acreditamos que a escola deve ser a base da construção de uma sociedade igualitária e plural e do cultivo de respeito e inclusividade. Por tal, o Bloco de Esquerda compromete-se a dialogar com as várias escolas da freguesia e do concelho de modo a que possamos garantir que este ensino com o qual sonhamos não se resuma a uma miragem.
Embora uma educação inclusiva seja uma grande prioridade para os jovens, a inclusividade não se deve restringir à escola. Queremos um concelho inclusivo que garanta que a comunidade LGBT possa nele encontrar espaços seguros onde a sua integridade física, moral e psicológica não seja comprometida.
Queremos uma autarquia que integre políticas antidiscriminação com base no género ou na orientação sexual; uma autarquia que garanta que cada jovem ‘queer’ posto fora de casa pela sua família ou que encontre dificuldades no acesso à habitação tenha um teto por cima da sua cabeça; e queremos uma autarquia que reconheça os direitos da comunidade LGBT.
A precariedade é uma das várias características da minha geração. Somos muitas vezes obrigados a abdicar dos estudos para trabalhar, ou do trabalho para estudar, ou dos estudos para comer e ter um teto. O Bloco de Esquerda não fecha os olhos às dificuldades pelas quais os jovens passam, trabalhamos no sentido de garantir que os jovens do concelho de Loures tenham as condições necessárias para que não tenham que abdicar de certas prioridades em prol de outras.
Os jovens desempenham um papel importantíssimo no concelho. O dinamismo económico e social de Loures deve-se também à juventude, e por tal acreditamos que os jovens devem ter uma participação cívica ativa no concelho; queremos melhorar a sua ligação com as instituições democráticas, mitigar os efeitos da precariedade entre os mais jovens e proporcionar uma juventude saudável e segura àqueles que habitam ou estudam no concelho.
Há quem diga que os jovens não se interessam pelos problemas da nossa sociedade, e que não se envolvem... mas vejam os milhares de jovens que se organizaram e saíram à rua para lutar pela justiça climática, os que todos os dias lutam contra o racismo, contra a LGBTfobia, contra todas as formas de discriminação. Tantas e tantos jovens que todos os dias trabalham por construir um futuro melhor para todos nós. Não nos digam que não queremos saber. Nós queremos. E estamos aqui para lutar.
O que muitas vezes leva os jovens a afastarem-se da política é o facto de muitos acharem que a política nada tem que ver com eles, que só serve o interesse de alguns, que serve para encher os bolsos dos grandes senhores ou que as decisões tomadas em assembleia em nada influenciam as suas vidas e também a distância que sentem dos próprios partidos; são essas as ideias que temos que desconstruir; para as combater, precisamos de estar nas escolas, de falar com os jovens, ouvir as suas ânsias e perceber quais são os seus problemas, porque nós jovens precisamos de sentir que as nossas vozes são ouvidas.
Queremos políticas autárquicas antirracistas, antifascistas e que combatam a homofobia e todas as manifestações de ódio, e para tal, a intervenção dos jovens nas autarquias é indispensável e deve também ser prioritária. As autarquias constroem-se com o esforço de todas e de todos, dos mais novos aos mais velhos, e é importante que nós jovens saibamos que a nossa voz faz a diferença e que nos façamos ouvir.
Por isso, como Mandatária da Juventude, eu e o Bloco de Esquerda comprometemo-nos a ouvir os jovens do concelho e a estar ao seu lado nas suas várias lutas, têmo-lo feito até hoje, e não será depois das eleições que isso vai mudar.