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Discurso de apresentação do candidato à Assembleia de Freguesia de Loures João Alcobia

Caros amigos e camaradas,

Boa tarde a todas e todos os presentes.  Agradeço a vossa presença neste importante dia em que nos reunimos para apresentar os candidatos do Bloco de Esquerda às freguesias de Loures e de Santo António dos Cavaleiros e Frielas.

Em primeiro lugar, queria saudar o candidato à assembleia de freguesia de Santo António dos Cavaleiros e Frielas, António Baião Costa, carinhosamente tratado por “Tozé”, pelo meritório trabalho como único eleito de freguesia do Bloco na Assembleia de Freguesia de Loures desde 2005.

Quero também saudar e desejar boa sorte para o Fabian Figueiredo, candidato à Câmara de Loures, e para a Rita Sarrico, candidata à Assembleia Municipal de Loures.

Como sabem, a situação política nas diversas Freguesias do Concelho de Loures afigura-se complexa para um partido com as especificidades do Bloco.

À esquerda do espectro político, a CDU, apesar de se intitular um partido assente na “defesa dos direitos dos trabalhadores”, tem-se mostrado relutante em acabar com a precariedade laboral na Autarquia e juntas de freguesia.  Adicionalmente a CDU tem-se aliado a forças políticas contra-natura, nomeadamente o PSD.

À direita do espectro político, e à semelhança do que aconteceu nas anteriores eleições autárquicas assistimos a uma radicalização dos diversos partidos. Esse caminho foi iniciado com um importante partido da nossa democracia, o PSD.  Com a emergência do Chega, o caminho que o Bloco ambiciona trilhar encontra-se ainda mais complexo.

A CDU tem sido executivo camarário na Autarquia de Loures desde o 25 de abril, com a pequena excepção do consulado de Carlos Teixeira.

Apesar de ter governado durante um largo período de tempo, quais foram os contributos efetivos da CDU para a melhoria do bem-estar da população de Loures?

Quando o Bloco, através de um eleito de freguesia ou de deputado municipal, tem proposto importantes medidas com o propósito de melhorar a vida dos Lourenses, o executivo da CDU na Câmara e Freguesia de Loures foge de qualquer responsabilidade, argumentando que “essa não é a sua competência, e quem terá esse dever é o governo central”.

Esta é a argumentação apresentada, seja quando é discutido mais investimento em educação, remoção do amianto nas escolas, ou ainda o investimento em habitação pública em Loures.

No que diz respeito à defesa dos direitos humanos, a CDU tem manifestado uma inexplicável postura de “neutralidade”. Recordo que quando o Bloco propôs que fosse hasteada na Câmara Municipal de Loures, a bandeira arco-íris todos os anos, no dia 17 de maio – Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia e Transfobia, a CDU absteve-se na referida votação.

Já o PSD ou o Chega, insistem em medidas mais musculadas na área da segurança, omitindo que Portugal se encontra em 4º lugar nos países mais seguros do mundo.

Uma das propostas do PSD para a próximas eleições autárquicas em Loures, é instalar câmaras de vigilância em diversas áreas do concelho, na expectativa de que esta medida contribua para uma redução dos já reduzidos níveis de insegurança.

No que respeita ao Chega, as principais bandeiras eleitorais que se conhecem são as do costume…  virar pessoas pobres contra pessoas extremamente pobres, com especial destaque para o ataque cerrado à comunidade cigana.

Por fim, quanto à candidatura do PS, não há muito mais a dizer… Carlos Teixeira foi presidente da junta de freguesia de Loures e foi também presidente da câmara de Loures durante 3 mandatos…

Trata-se de um candidato com uma enorme experiência política. Mas, e parafraseando Einstein “Insanidade é continuar a votar na mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

 Carlos Teixeira claramente não conseguiu resolver os problemas estruturais de Loures!

Durante as últimas legislaturas, o Bloco travou importantes lutas parlamentares na Assembleia de Freguesia e na Assembleia Municipal.

Relativamente à assembleia de freguesia posso destacar as seguintes:

Prevenção Contra Riscos -  devido às alterações climáticas, a tendência é que a freguesia de Loures seja afetada por cheias com maior frequência. Assim, foi aprovado por iniciativa do Bloco, uma visita com todas entidades do concelho e do Instituto Nacional da Agua à Ribeira da Mealhada. Essa visita serviria para referenciar e alertar os perigos de cheias, devido a degradação das linhas de água.

Orçamento participativo na freguesia de Loures – graças a esta proposta do BE, poderão ser implementados projetos de participação cidadã, em que todos e todas possam ser mais intervenientes, apresentando propostas e votando no que consideram melhor para a sua freguesia. Infelizmente devido à pandemia e à falta de vontade do executivo da CDU, ainda não foi realizado qualquer concurso para o orçamento participativo.

Precariedade no trabalho – por iniciativa do BE foi possível acabar com o trabalho escravo na Junta de Freguesia de Loures, governada pela CDU, através dos contratos emprego-inserção. Através destes contratos, os trabalhadores da junta de freguesia podem executar um conjunto de tarefas, nomeadamente, arranjos dos espaços verdes ou redes viárias, tendo apenas direito a um valor que correspondia a 20% do valor do IAS + subsídio de alimentação e de transporte. Sabem a quanto corresponde 20% do valor do IAS? cerca de 87€…retirem as vossas conclusões…

Relativamente à minha experiência pessoal, eu sempre vivi no Infantado, e estudei em diversas escolas públicas da freguesia:

Escola básica do infantado;

Escola João villaret

Liceu José Afonso

Felizmente posso dizer que sempre fui um privilegiado, mas consigo constatar uma coisa muito elementar: as tremendas desigualdades económicas e sociais que existem em Loures, são estruturais, passando de geração em geração.

Os meus colegas de escola que provinham de famílias com mais carências económicas e/ou de famílias mais disfuncionais, tendiam a ter menos sucesso escolar.

Esse insucesso escolar tem provocado que o “elevador social” que todos pretendemos para os Lourenses, não tem saído do rés do chão.

O Bloco ao contrário de outros partidos deseja elevar o “elevador social” para todos os Lourenses e não apenas para uma pequena minoria.

O conjunto de mulheres e homens que me acompanha para disputar estas eleições à assembleia de freguesia de Loures reúne pessoas de diferentes áreas de formação, diferentes estratos sociais, diferentes gerações, diferentes etnias, diferentes orientações sexuais, mas todos estamos em sintonia na questão mais importante…

no desejo genuíno de solucionar os problemas estruturais de Loures e dos Lourenses. Sabemos os desafios que Loures enfrenta, e sabemos também que os mesmos apenas podem ser travados por pessoas com empatia, e que apostem em políticas que fomentem mais coesão social em Loures, e que repugnam o racismo e o discurso de ódio.

Em Loures não podemos ser neutros em valores e direitos humanos essenciais:  defesa da democracia, tolerância para com os demais, respeito pela diferença, sabendo que apesar de todos sermos diferentes e individuais, somos também todos seres humanos.

Bem sei que o orçamento da Freguesia é reduzido, e por essa via, não adianta prometer “mundos e fundos”, no entanto existem medidas que apesar de terem um custo irrisório têm um enorme impacto na vida das pessoas. Destaco as seguintes:

Trabalhar em colaboração com a autarquia de forma a promover um inventário do parque habitacional e garantir habitação de qualidade em arrendamento a custos controlados para jovens e famílias.

Atribuir bolsas de estudo a crianças e jovens carenciados que desejem aprender uma modalidade artística ou cultural nas colectividades da freguesia.

Promover medidas mais musculadas para fazer face à emergência social que a freguesia atravessa, tais como reforçar o apoio prestado a IPSS e as verbas para apoiar pessoas em situação de pobreza;

Promover iniciativas de consciencialização para o combate à discriminação da comunidade LGBTQIA+ em escolas através de debates e atividades relacionadas com a temática;

Temos ideias, temos pessoas, e temos um entusiasmo genuíno em contribuir para que Loures tenha mais coesão económica e social, e para que as pessoas que vivam ou trabalhem em Loures sejam mais felizes. Sabemos que a tarefa que temos pela frente é hercúlea, e que ninguém nos augura qualquer sucesso. Mas sabem uma coisa? “TUDO É IMPOSSÍVEL ATÉ ACONTECER!” Força Loures, Força Bloco!