Bom dia e agradeço a vossa presença!
Fui morar para Santo António dos Cavaleiros há 54 anos.
Nos anos 60 começavam a nascer os chamados bairros dormitórios.
Famílias com poder económico baixo, a custa de empréstimos bancários, eram atraídas para bairros da periferia de Lisboa, com a promessa de criação de infra-estruturas e espaços de lazer.
Só que, na maioria dos casos, era só promessas.
Na falta de espaços de convívio e outros meios de comunicação, os jovens encontravam-se no largo principal do bairro, a Praça D. Miguel I.
Ali organizava-se os tempos livres, discutia-se iniciativas, tocava-se violas e cantava-se.
Vi nascer o Bairro da Caixa, a Flamenga, a Cidade Nova, as Torres da Belavista.
Com o fim de obras, os estaleiros e os dormitórios que ficavam desertos, eram ocupados por organizações sociais, culturais e religiosas.
Nascia no bairro o colectivismo, com a associação de moradores (AMSAC) e o clube (CSAC), no qual fui director e participei na área cultural.
Nos atuais Correios era a exposição da ICESA, empresa construtora do bairro. A primeira e curta tentativa para formar um grupo de teatro, foi nesse local. Por estarmos a ensaiar uma peça do Alves Redol, a PIDE encerrou as instalações
A censura, as perseguições políticas, a falta de liberdade e uma guerra injusta formaram na juventude uma conciência antifascista.
Nesse tempo não havia ecografias, o sexo só se sabia na altura do nascimentos. Muitas mães quando nascia um menino murmuravam num misto de alegria e amargura “mais um para a guerra”
Há hoje partidos, grupos, pessoas que tentam colorir esse período obscuro e querem reescrever a história, inclusive nas autarquias.
Tentam culpar o 25 de abril de 1974, como responsável de todos os problemas atuais.
Lembro-me, que uma das canções proibidas, era Os Vampiros do Zeca Afonso:
“Eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam nada!”
A miséria e a corrupção existia, com a diferença que falar dela na altura, dava direito à perseguição e à prisão.
O 25 de Abril, além de outras, trouxe, as primeiras Eleições Autarquicas livres em Portugal, em dezembro de 1976.
Entretanto, muitos de nós participaram em movimentos sociais.
Na Comissão de Utentes pela Saúde que lutou pela construção do atual cento de saude.
Na Comissão de Utentes dos Transportes, que lutou por:
- Um Passe Intermodal para todos os operadores, pois o passe do operador da Barraqueiro só tinham validade nos autocarros de SAC.
- Transportes mais baratos. A Barraqueiro em SAC tinha as tarifas mais altas do concelho.
- Por Carreiras da Freguesia para Hospital Beatriz Angêlo
- Pelo Metro de superficie.
As duas primeiras medidas, forma conseguidas a partir de abril de 2019, com a maior alteração tarifária dos últimos anos: O passe Navegante Metropolitano.
Gostava de recordar, que a Comissão de Utentes, realizou uma manifestação entre a Flamenga e os Correios de SAC, pela Estrada Nacional, onde os ativistas do Bloco de Esquerda organizaram e participaram ativamente por “mais e melhores transportes publicos”.
Na frente autárquica, o Bloco de Esquerda, por intermádio do seu eleito Manuel Silvestre, conseguiu com as suas propostas:
- A erradicação do herbicida “Glifosato” e substituição por solução ecológica;
- A substituição gradual do mobiliário urbano particularmente bancos de jardim;
- A eliminação de barreiras arquitetónicas, com o rebaixamento de todos os passeios, nas zonas das passadeiras;
- A automatização da rega, permitindo deste modo uma poupança de água na ordem dos 40%.
- Arranjos paisagísticos (zonas ajardinadas), com utilização de prado de sequeiro, pedras ornamentais e cascas de árvores, em substituição da relvas grande consumidora de água.
- Iluminação do jardim, da rua João Branco Núncio.
- Criação da Hortas Urbanas / Comunitárias, na urbanização do Conventinho.
- Reparação e restauro da torre, do relógio e do bebedouro público da Praça D. Miguel I.
Além disso, as propostas de alteração do Bloco, no Regimento da Assembleia de Freguesia, melhoraram significativamente a democraticidade do órgão.
Também proposto pelo Bloco de Esquerda, ao fim de uma luta prolongada, foi aprovado a relização do Orçamento Participativo. Assim, porintermédio do Orçamento Participativo 2020:
- A “Gimno Frielas – Associação Desportiva Cultural e Social de Frielas”, adquiriu material, destinados à prática de atividades gímnicas;
- O “Rancho Folclórico Etnográfico “Os Frieleiros”, restaurou espólio museológico:
- A “Escola Secundária José Cardoso Pires”, construiu um sistema de rega para aproveitamento de água de nascente do jardim da Escola;
- O “Sport Clube de Frielas”, removeu a cobertura em fibrocimento dos balneários, colocando de nova cobertura livre de amianto;
Para o Orçamento Participativo 2021:
- No Parque Infantil em Frielas será colocada vedação
- Na Escola Básica General Humberto Delgado, será fornecido e montado mobiliário urbano.
Sobre a minha candidatura
Agradeço a confiança que os camaradas me deram, para continuar estas e outras tarefas, nas freguesias de Santo António dos Cavaleiros e Frielas.
Conto com todos.
Conto com a juventude. Conto por exemplo, com o Tiago Florino em Frielas e o Filipe Fernandes, para a construção de popostas a apresentar na Assembleia de Freguesia
Uma palavra final para os idosos.
Em Santo António dos Cavaleiros e Frielas há muita gente idosa que vive sózinha.
Lutaremos pela Criação de um Gabinete de Apoio aos Seniores nesta União de Freguesias.
O Bloco tem de lutar contra a solidão!
O Bloco tem de ser solidário!
E sobre a solidariedade, recordo um curto poema de Armindo Rodrigues poeta antifascista.
“Homem,
abre os olhos e verás
em cada outro homem um irmão.
Homem,
as paixões que te consomem
não são boas nem más.
São a tua condição.
A paz, porém, só a terás
quando o pão que os outros comem,
homem,
for igual ao teu pão.”
AO TRABALHO!
VIVA O BLOCO DE ESQUERDA!