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No debate autárquico de Loures promovido pela TVI esta quinta-feira, Fabian Figueiredo acusou André Ventura de ser um "tubo de ensaio eleitoral" do PSD para um discurso de ódio e, desafiou a CDU para um plano municipal de combate à precariedade para os próximos quatro anos.
Num debate marcado antecipadamente pelas afirmações racistas e xenófobas do candidato do PSD, André Ventura rejeitou acusações de racismo, afirmando que tem “muitos amigos de etnia cigana” para imediatamente apontar “problemas” onde discriminou toda a comunidade.
Fabian Figueiredo, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Loures, esclareceu que “o incitamento ao ódio e à discriminação racial são crime em Portugal. Como, aliás, em todos os Estados de Direito democráticos do pós-II guerra mundial e das ilações que retirámos sobre o que deve ser a vida em sociedade”, reforçando a justiça da queixa-crime apresentada pelo Bloco contra o candidato do PSD.
“André Ventura ao reafirmar isto mostra mais uma vez que é um tubo de ensaio dentro do PSD”. Para Fabian Figueiredo, “o PSD decidiu usar o concelho de Loures para testar o discurso populista, autoritário e de extrema-direita para ver se tem colhimento eleitoral, muito ao estilo de Marine Le Pen”. Algo que faz de André Ventura um “candidato derrotado”.
E afrontou as contradições do próprio PSD de Loures nesta matéria: “o número dois de André Ventura condecorou a Pastoral Cigana. O André Ventura pinta um cenário em Loures que podia pintar em qualquer outro concelho”, continuou. “Vem para a campanha de Loures falar de pena de morte, da prisão perpétua, ou até dos parquímetros”, e neste caso relembrou que “quem está na administração da empresa municipal de parquímetros é um dos candidatos e mandatário de André Ventura, mas disso não fala”.
Para Fabian Figueiredo, "a questão é mais complexa". Existe “necessidade de mais diálogo intercultural”, algo que se alcança por exemplo recuperando o “festival o bairro i o mundo” e, promovendo “projetos de diálogo intercultural. O que as pessoas sabem é que no concelho de Loures não vivemos fora do estado de direito”, concluiu.
Sobre o futuro político do concelho, o candidato do Bloco admitiu que “não se pode dizer que haja saudades em Loures sobre a governação do Partido Socialista. Tanto assim é que, nestas eleições, ninguém disputa a herança de Carlos Teixeira”, ex-presidente da câmara de Loures que agora se candidatou como independente à Câmara Municipal de Lisboa.
Mas face aos últimos quatro anos de governação da CDU, em coligação com o PSD, Fabian Figueiredo considera que “ficaram demasiado presos à gestão da dívida deixada por Carlos Teixeira”. Ou seja, diz, “faltou força e determinação para ir mais longe nos transportes, na habitação e no reforço dos serviços públicos”. Mas o candidato do Bloco exige mais, pois “também em matéria de Transparência precisamos de ir muito mais longe. Preocupa-nos que a administração da Loures Parque [empresa que gere o estacionamento do município] tenha sido dividida pelo PCP e pelo PSD”. E lembrou também o “caso do veterinário municipal”, para onde foi nomeado um jurista do PSD.
Por último, deixou um desafio à CDU em matéria de precariedade. “Nos últimos quatro anos o ritmo de combate à precariedade foi lento”. Na "Junta de Freguesia de Loures, liderada pela CDU, continuam a existir Contratos de Emprego Inserção, ou seja, trabalho não remunerado”. Por isso, “o desafio que o Bloco de Esquerda faz à CDU é que nos próximos quatro anos criemos um Plano Municipal de Combate à Precariedade em todas as autarquias”.