O candidato à Câmara Municipal de Loures, Jorge Costa, frisou esta quarta-feira que o programa autárquico do Bloco, “sendo um programa sobre a realidade de Loures, é um programa sobre a realidade da crise”. O candidato bloquista salientou ainda que “afastar o Partido Socialista da gestão camarária é uma condição para uma mudança política no concelho”
“Um programa sobre a realidade da crise”
Durante a apresentação do programa do Bloco e dos candidatos às freguesias do concelho de Loures, que teve lugar esta quarta feira no Clube Recreativo Bobadelense, o cabeça de lista à Câmara Municipal, Jorge Costa, defendeu que é necessário “fazer da campanha autárquica uma campanha sobre as condições de vida e sobre o essencial da vida das pessoas, que é também, em última análise, aquilo sobre o que deve trabalhar a política local, as autarquias locais”.
Segundo o candidato bloquista, as autarquias devem “intervir politicamente nas relações com o poder central, nas relações com o governo do país, sobre o curso das grandes opções que se estão a tomar, isto é, ter um papel ativo, um papel dinamizador da resistência popular face à devastação do país que está em curso neste momento pela ação da troika”. Por outro lado, acrescentou, devem “ser um interveniente também no apoio àqueles que estão a passar por maiores dificuldades”.
“O nosso programa, sendo um programa sobre a realidade de Loures, é um programa sobre a realidade da crise”, adiantou Jorge Costa, salientando que é por isso mesmo que a campanha prioriza três pontos principais – o Apoio Social, a Habitação e os Transportes.
“O Apoio Social tem de ser o centro da atividade da Câmara”
No que respeita ao Apoio Social, que “tem de ser o centro da atividade da Câmara”, o candidato enumerou algumas das propostas do Bloco, entre as quais a criação de um gabinete anti crise na Câmara, a abertura de refeitórios municipais em todas as freguesias para enfrentar as situações de carência alimentar e a garantia de que as famílias ameaçadas de corte de água tenham acesso a uma prestação mínima deste bem essencial.
O Apoio Social pode, segundo avançou, ser desenvolvido por iniciativa da Câmara, “mas pode também ser um instrumento poderoso ao serviço daqueles que estão já hoje no terreno a organizar a ajuda mútua, a organizar a solidariedade social”.
PS transformou Loures numa “cidade fantasma”
Lembrando que “cada dia em que o Tribunal de Loures abre as portas, são mais três famílias que têm executada a hipoteca da sua casa”, e que no concelho “existem à venda cerca de 3500 casas, metade das quais são casas novas por estrear, e que há muitos outros milhares de casas que nem sequer estão no mercado”, Jorge Costa referiu que a Habitação é questão central.
“E essa é uma realidade a que nenhuma campanha eleitoral autárquica deveria escapar”, salientou, lamentando que, “se tivermos em conta aquilo que os candidatos têm vindo a dizer, esse parece não ser um dos problemas, o problema número um, com que têm de se confrontar”.
“O modelo que o Partido Socialista quis implantar no concelho, assente na lógica do pacto com os especuladores imobiliários e com a construção civil, tornou Loures numa cidade dormitório, mas também, com a crise financeira e a crise imobiliária, numa cidade fantasma, num concelho cheio de casas vazias quando ao mesmo tempo existem ao lado famílias a serem corridas das suas habitações”, afirmou o candidato bloquista.
“E, portanto, o que hoje faz falta fazer a partir da autarquia é ter uma intervenção direta, logo no mercado”, defendeu Jorge Costa, lembrando que o Bloco propõe a criação de uma bolsa social de arrendamento, baseada num acordo entre Câmara e proprietários, que permita o aluguer destas habitações mediado pelo município, a preços mais baixos, e também a introdução de uma regra que consigne 20% dos fogos de novas urbanizações para habitação a preços sociais, tal como é prática em numerosas cidades europeias.
A Câmara tem de ser, por outro lado “um interveniente quando se vive uma situação de catástrofe social. Um agente junto do poder central e junto dos bancos no sentido de alterar a própria legislação atualmente existente para permitir uma moratória que suspenda pelo menos durante dois anos as prestações das famílias que tiveram uma quebra abrupta de rendimentos. E é preciso que as pessoas que optem livremente por entregar a sua casa ao banco vejam a sua dívida cessar”, adiantou ainda.
“Uma reforma completa e profunda ao serviço de transporte público rodoviário no concelho”
Na área dos Transportes, o Bloco considera que é necessário “fazer uma reforma completa e profunda ao serviço de transporte público rodoviário no concelho”, o que passará, num primeiro plano, por um “levantamento das necessidades”.
Referindo a “complacência e cumplicidade da autarquia com os lucros fabulosos que o grupo Barraqueiro foi acumulando ao longo dos anos”, durante os quais se registou a degradação dos serviços prestados, a par do seu encarecimento, Jorge Costa defendeu que “ou a Câmara impõe ao concessionário que reponha o que cortou, e que garanta os serviços que não estão a ser prestados à população, ou terá de ser a autarquia a suprir essa necessidade e a desenvolver um serviço de transporte público mínimo”.
“Afastar o Partido Socialista é uma condição para uma mudança política no concelho”
Segundo Jorge Costa, o Bloco quer “uma maioria de esquerda que afaste o Partido Socialista da gestão municipal”. “Essa maioria precisa do Bloco. Precisa do Bloco pela coerência programática e precisa do Bloco porque precisamos em Loures de transparência sobre a ação da Câmara e as escolhas do executivo municipal”, referiu.
“O Bloco de Esquerda está disponível para uma mudança à esquerda se ela for no sentido de uma coerência programática, da rutura com os interesses principais que têm governado Loures”, frisou.
“Cada voto também conta para derrotar o governo ilegítimo”
O dirigente bloquista Fernando Rosas, que também participou na iniciativa de apresentação do programa do Bloco e dos candidatos às freguesias do concelho de Loures, acusou o PSD de “querer convencer-nos de que as eleições autárquicas não têm nada a ver com política”.
“O papel do Bloco nestas eleições é trazer a política para estas eleições. Cada voto também conta para derrotar o governo ilegítimo anti popular e anti social que governa este país e que é uma absoluta urgência ser varrido”, salientou.
Fernando Rosas fez um apelo especial à mobilização dos jovens, alertando que “o que nós temos pela frente é uma ofensiva contra revolucionária de longo alcance”. “Temos de nos preparar politicamente para essa guerra e temos de perceber que as eleições autárquicas são um marco desse combate”, rematou.
Ler PDF: PROGRAMA AUTÁRQUICO, LOURES 2013