
O Observador assinala que PS e PCP admitem coligação com PSD em Loures, e cita a socialista Sónia Paixão, que afirma que o candidato laranja André Ventura daria um bom vereador. O bloquista Fabian Figueiredo sublinha que “só o voto no Bloco não leva a direita ao colo em Loures”.
“A socialista Sónia Paixão, candidata do PS a Loures, admitiu ao Observador que aceitaria uma coligação com o polémico André Ventura, do PSD, se fosse preciso viabilizar um executivo camarário do PS naquele concelho”, lê-se no artigo publicado pelo Observador esta quinta-feira.
“Esta ex-vereadora do PS — que esteve na câmara de Loures entre 2009 e 2013 — diz ter como objetivo ganhar as eleições, mas admite ao Observador a possibilidade de viabilizar um executivo da CDU ou até de governar com o PSD, ou seja, ‘com quem der melhores condições de cumprimento do programa’”, escreve ainda o jornal online.
Ao Observador, Sónia Paixão acrescentou que “o histórico do PS em Loures demonstra que houve disponibilidade”, destacando que o partido esteve coligado “com a CDU e com o PSD em momentos diferentes”.
A este respeito, refira-se que o executivo da freguesia de Santo António dos Cavaleiros é governado por PS e PSD.
Questionada se seria capaz de fazer uma coligação com André Ventura, a candidata socialista respondeu: “Acho que o André Ventura pode dar um bom vereador, nunca um bom presidente da câmara”.
CDU não afasta coligação com André Ventura
Durante a conversa com o Observador, Sónia Paixão afirmou que tem recebido “telefonemas de várias pessoas de ambas as candidaturas ligadas aos dois quadrantes políticos, que dão conta de um pré acordo eleitoral entre a CDU e o PSD”.
A candidata socialista referiu que considera existirem sinais de “não agressão” entre a CDU e o PSD: “O Bernardino Soares não responde a nenhumas afirmações do candidato do PSD André Ventura”, frisou.
Segundo Alexandre Teixeira, do gabinete da CDU de Loures, esta é uma “matéria para avaliar depois de 1 de outubro”, sendo que “até lá estamos no terreno da especulação”.
“Só o voto no Bloco não leva a direita ao colo para o governo de Loures”
O candidato do Bloco à Câmara Municipal de Loures lembra, na sua página de facebook, que a candidatura bloquista, “desde início, que deixou claro que rejeitaria qualquer tipo de acordo com o PSD e com André Ventura”.
“Desafiámos, diversas vezes, as restantes candidaturas a serem claras sobre o assunto, propondo que, em nome da democracia, se fechasse a porta da governação à extrema-direita laranja no concelho de Loures”, escreve Fabian Figueiredo.
“Hoje, ficámos a saber que as candidaturas da CDU e do PS não rejeitam coligar-se com o PSD e com André Ventura, admitem-no. A candidata do PS, Sónia Paixão, chega mesmo ao ponto de dizer que André Ventura daria um bom vereador (!). Mas algum cidadão democrático ou de esquerda se sente confortável com a ideia de poder ter um militante de extrema-direita a integrar o governo do seu concelho? Com um profeta do ódio, defensor da pena de morte? Não aprendemos nada com Trump e Le Pen?”, questiona o candidato bloquista.
Fabian Figueiredo salienta ainda que, “por outro lado, hoje fica também claro, para todos os cidadãos do concelho de Loures, que só o voto no Bloco de Esquerda não leva a direita ao colo para a governação do município”.
“É à esquerda que resolvemos os velhos problemas e vencemos os desafios do futuro. Nunca pactuando com a direita autoritária”, remata.
Sónia Paixão tenta recuar
Entretanto, a candidata socialista publicou, na sua página de facebook, um “desmentido”, no qual não contesta ter tecido um elogio a André Ventura, mas afirma que “em caso algum” admitiu “fazer coligação com o PSD”.
“Concorro a Presidente da Câmara de Loures. André Ventura concorre a vereador. Quem está coligado com o PSD é a CDU e Bernardino Soares. Aliás, a CDU não afastou a possibilidade de manter a actual coligação com o PSD, adiando a decisão para depois das eleições”, avança a candidata.
“O título da notícia do Observador é abusivo na medida em que nunca expressei essa intenção”, remata.
O Observador, no entanto, escreve um novo artigo em que garante que "o título expressa apenas o que a candidata disse, de facto", em declarações ao jornal o