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Assembleia Municipal de Loures aprova moção para salvar “pulmão” da Bobadela

Documento aprovado por unanimidade quer mata classificada como paisagem protegida e impedir construção de luxo no “pulmão da Bobadela”.  Obras no Bairro da Petrogal começam já no dia 30.

A Assembleia Municipal de Loures aprovou, por unanimidade, uma moção apresentada pelo Bloco de Esquerda para a defesa da mata e da várzea do Bairro da Petrogal, na Bobadela, concelho de Loures.

A moção, aprovada na reunião de 25 de maio, insta o Governo para que tome, com caráter de urgência, as diligências necessárias com vista à classificação da mata e da várzea do Bairro da Petrogal como «Paisagem Protegida», de modo a garantir a preservação e valorização do seu património biofísico, ecológico, estético, paisagístico, histórico e cultural, bem como o pleno usufruto desse património pela população.

O documento estatui ainda que o Executivo interdite a realização de alterações à morfologia do solo e do coberto vegetal na mata e várzea do Bairro da Petrogal, bem como a execução de operações urbanísticas como a construção ou ampliação de edifícios, excetuando as ações de conservação, restauro, reparação ou limpeza.

Além disso, a moção apresentada pelo Bloco recomenda ainda que o Governo de António Costa apoie o desenvolvimento e a concretização de um plano de ação local para o restauro ecológico da mata e da várzea do Bairro da Petrogal, bem como a execução de ações de erradicação de espécies invasoras e de adaptação aos efeitos da crise climática.

A criação de um centro interpretativo relativo ao historiador Anselmo Brancaamp, o primeiro presidente da Câmara Municipal de Loures, apoiando para o efeito a recuperação de edificado existente no Bairro da Petrogal é outra das recomendações que saiu da Assembleia Municipal do passado dia 25.

Recorde-se que está em curso a demolição da área verde pertencente ao Bairro da Petrogal, na Bobadela, para a construção de cerca de 90 habitações unifamiliares de luxo. Trata-se de uma área central do Bairro, que, no Plano Urbano dos anos 60, foi deixada liberta de construção, pelo papel importante na drenagem natural do ar e da humidade de toda a área, já que possui características únicas a nível ecológico e de integração paisagística. Esta área está a ser destruída para dar lugar a uma zona densamente edificada.

O Bairro Operário da Petrogal constitui-se como uma unidade de paisagem singular da Área Metropolitana de Lisboa e manteve uma estrutura ecológica e funcional de Quinta de Recreio, apesar de ter conhecido ocupações completamente distintas. Constitui, por isso, um legado histórico e ambiental de elevada importância na afirmação da arquitetura paisagista em Portugal.

A obra que está prestes a começar tem sido alvo de várias críticas e apelos, estando em marcha uma petição pública com o intuito de conseguir travar a destruição deste património.

 

Foi formado um Movimento de Cidadãos, que nasceu no seio da comunidade e cresceu rapidamente, quando os munícipes começaram a ver as máquinas a chegar e a destruir o espaço verde de hortas existente, arrancando árvores e destruindo culturas, sem esperar que os agricultores pudessem colher o que tinham plantado.