Candidato do Bloco à Câmara de Loures, Fabian Figueiredo, quer medidas excecionais e programas de intervenção urgente para contrariar a retenção verificada nos alunos do 1º ciclo do concelho. Estabilização do pessoal docente e não docente e maior envolvimento da autarquia junto das populações, onde a exclusão social é maior, são medidas apontadas como indispensáveis.
Loures, 25 de maio de 2017– O Bloco de Esquerda alertou o Ministério da Educação para o elevado nível insucesso escolar que se regista entre os alunos do 1ºciclo no concelho de Loures. Face aos preocupantes resultados de insucesso escolar em 45% das escolas do concelho, revelados pelo recente estudo sobre retenção escolar no 1º ciclo em Portugal, promovido pela associação EPIS (Empresário pela Inclusão Social), o Bloco de Esquerda apelou à mobilização de todas as instituições com presença na escola, nomeadamente a autarquia e o Ministério da Educação.
“É urgente mobilizar todas as instituições com presença na escola, sobretudo a autarquia, que aliás tem um contrato de execução assinado com o Ministério da Educação, e, por via desse contrato, assumiu particulares responsabilidades na área da Educação com os respetivos envelopes financeiros”, explica Fabian Figueiredo, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Loures.
“As escolas e os docentes também deverão ser mobilizados e envolvidos na busca de soluções para um problema de tão grande magnitude, embora haja situações em que são necessárias medidas excecionais”, adianta o candidato.
Entre as várias propostas indicadas pelo partido, é destacada a urgência de construir programas de intervenção - de caráter excecional e permanentes - que mobilizem docentes para realizarem o reforço das aprendizagens da língua portuguesa, seja como primeira ou como segunda língua.
“É essencial mobilizar e formar equipas de mediação cultural que promovam o diálogo intercultural e a decifração do código escolar para muitas famílias e alunos”, alerta Fabian Figueiredo.
Para o candidato do Bloco à autarquia, é ainda inadiável a intervenção em “situações de grande pobreza e, em particular, de pobreza infantil, criando programas de combate à pobreza, programas de reforço alimentar nas escolas, de criação de equipamentos sociais de proximidade e, desde logo, de reforço de programas de habitação social condigna e não excludente”.
A estabilização profissional de quem trabalha nas escolas é outro fator onde é necessária atuação urgente, defende Fabian Figueiredo: “Há que estabilizar todos os profissionais que atuam na comunidade escolar e promover desde logo o reequipamento e modernização das escolas”.
O Bloco de Esquerda aludiu ainda à necessidade de conhecer detalhadamente a razão de tão elevado insucesso escolar, em particular no 2.º ano de escolaridade. “Sabe-se que é neste ano que se avaliam as aprendizagens dos mecanismos da leitura e da escrita e, por isso mesmo, esta avaliação tende a ser muito objetiva e a refletir, em grande medida, os condicionalismos sociais das famílias dos alunos”, defendeu o partido em inquirição ao Ministério da Educação.
“A organização do território do concelho de Loures privilegiou a concentração de famílias de baixos rendimentos, em certos casos, originou mesmo guetos que acentuam os fatores de exclusão social, ao invés de ter optado por uma política de habitação mais inclusiva que garantisse maior equilíbrio social”, acrescenta o documento.
“Este fator é, seguramente um dos fatores explicativos para tão grande número de retenções, mas as escolas, elas mesmo, não podem deixar de ser também referidas como fator de insucesso”, aponta ainda o Bloco de Esquerda.
Recorde-se que, no recente estudo sobre retenção escolar no 1.º ciclo em Portugal, promovido pela associação EPIS foi apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no passado dia 22 de maio, as escolas do concelho de Loures obtêm uma pontuação que as coloca entre as de maior insucesso no país.