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Bloco alerta para falta de condições e despejo de 500 animais acolhidos em Loures

Fabian, Chão dos Bichos

Associação Chão dos Bichos alberga mais de 500 cães e gatos do concelho, muitos deles recusados pelo canil municipal. Abrigo funciona sem luz nem água canalizada e está próximo da lotação máxima. Apesar de recorrentemente se substituir à autarquia na proteção dos animais, a Câmara Municipal de Loures tem-se recusado a apoiar decentemente estes voluntários. Proprietário do terreno já avisou que animais serão despejados em 2018.

Loures, 22 de maio de 2017 - Uma delegação do Bloco de Esquerda, liderada por Fabian Figueiredo, candidato do partido à Câmara Municipal de Loures, visitou, na passada quinta-feira, 18 de maio, na companhia de dirigentes da SOS Animal e da Animal, o Centro de Recolha Oficial do município e o abrigo da Associação Chão dos Bichos. Após a visita, Fabian Figueiredo reforçou a sua convicção relativamente à urgência da celebração de um acordo entre a Câmara Municipal de Loures e aquela associação.

“É urgente um protocolo que tenha como consequência a construção e manutenção de um abrigo, onde possam ser alojados com dignidade as centenas de animais que esta organização detém e as centenas que receberá nos próximos anos”, apontou o candidato do Bloco à autarquia.

O Centro de Recolha Oficial de Loures, mais conhecido como canil, abriga hoje cerca de 40 cães, número que não está longe da sua lotação máxima. Gatos não recebe, porque o projeto do gatil ainda não saiu do papel. Mas, em Loures, que tem mais de 200 mil habitantes e uma área superior a 167 km2, não existem só 40 cães abandonados ou maltratados. São muitos mais.

É por isso que a Associação Chão dos Bichos, abriga atualmente, mais de 450 cães e mais de 50 gatos e “tem-se recorrentemente substituído à autarquia, no papel e missão que a lei expressamente lhe atribui, recebendo, inclusive, os animais que o canil municipal recusa”, alertou Fabian Figueiredo.

Não são só as várias esquadras ou os bombeiros do concelho que entregam diretamente os animais, muitas vezes vítimas de maus tratos, à Chão dos Bichos, porque o canil não os recebe. É, em muitos casos, o próprio canil que encaminha os animais para as instalações da associação. “Se esta organização não existisse, como cumpriria a Câmara Municipal de Loures a obrigação de recolha e abrigo dos animais abandonados ou vítimas de maus-tratos?”, questionou o candidato.

“A Associação Chão dos Bichos faz um trabalho extraordinário, reconhecido e prestigiado na comunidade, essencial à vida do município, mas vive da dedicação voluntária e abnegada dos seus dirigentes e amigos, o que faz com que os constrangimentos financeiros e materiais sejam permanentes”, apontou Fabian Figueiredo.

“Partindo deste diagnóstico, devia ser do mais natural interesse do município o estabelecimento de uma parceria com a Associação Chão dos Bichos, para que esta possa prosseguir com a sua missão cívica de forma digna, que deve ser complementar às obrigações legais da autarquia”, adiantou.

Recorde-se que o terreno cedido, a muito custo, pela autarquia, no seguimento do incêndio de 2015, ao abrigo da Associação Chão dos Bichos, além de não ter instalação elétrica e de não estar ligado à rede de saneamento e de abastecimento de água, não tem dimensão suficiente para acolher todos os animais.

Isto faz com que a associação se mantenha num terreno privado, também sem acesso a eletricidade e água, acrescendo o problema de o proprietário não pretender renovar o contrato, que finda daqui a um ano. Por outro lado, este tem-se demitido de prestar qualquer outro auxílio ou apoio, chegando ao extremo de se recusar a colocar um contentor do lixo junto às suas instalações na Murteira.