Por volta das 13h30, os sindicatos anunciaram que a adesão à greve geral dos CTT era de 68,13%, ou seja, cerca de 3500 trabalhadores. “Foi uma boa participação dos trabalhadores. Há vários centros de distribuição no país encerrados, que impedem a distribuição de correio, há estações encerradas e algumas só estão abertas com chefias, que estão impedidas de fazer greve”, afirmou à Lusa Victor Narciso, secretário-geral do SNTCT.
A manifestação em Lisboa arrancou ao início da tarde do Marquês de Pombal rumo à residência oficial do primeiro-ministro, entoando slogans a favor da reversão da privatização e o regresso dos CTT à esfera pública.
“O PSD e CDS, ao decidirem privatizar os CTT, fizeram um verdadeiro assalto ao país. Mesmo em países da Europa que fizeram experiências de privatização, como a Dinamarca, o Estado acabou por perceber que tinha de comprar os correios de volta”, afirmou Catarina Martins criticando o “desmantelamento do serviço postal dos CTT pelos acionistas privados”.
“O argumento de que as pessoas jánão mandam cartas é mentira. Os CTT são uma empresa muito lucrativa. Todos os anos dão mais de 60 milhões de euros de lucro. Este não é um problema da tecnologia ter mudado, é um problema de má gestão e da ganância dos acionistas privados que têm distribuído em dividendos mais do que os lucros da empresa”, referiu a coordenadora do Bloco, garantindo que “se nada for feito, os acionistas privados destroem os CTT e por isso é preciso agir depressa”.
“Infelizmente, a proposta que o Bloco de Esquerda fez ontem no parlamento foi rejeitada pelos outros partidos. Lamentamos, porque era uma proposta que permitia no imediato e sem custos para o Estado, ter o serviço postal público e defender os trabalhadores e o património dos CTT”, concluiu, em declarações à RTP.
O secretário-geral da CGTP disse acreditar que “tal como na Altice se encontrou uma solução para o direito de oposição à transmissão de estabelecimento, também aqui se poderá arranjar uma solução para os CTT voltem ao setor público”.
“A privatização dos CTT foi um erro inadmissível, que põe em causa os direitos dos trabalhadores, o serviço público e as mais valias que o Estado hoje podia estar a receber dos lucros para reinvestir no desenvolvimento da empresa, e que estão a ser transferidos acima dos próprios lucros para os acionistas” acrescentou Arménio Carlos.
Para Sérgio Monte, vice-presidente da UGT, “este contrato de concessão tem de ser devidamente fiscalizado e os CTT não podem ser geridos apenas so a ótica do lucro”. “Não podemos permitir que os CTT continuem a encerrar postos e estações de correio em muitas regiões, onde os idosos não têm outro sítio para irem levantar as suas reformas”, acrescentou o sindicalista.
Comentando a greve dos trabalhadores dos CTT, o ministro do Planeamento responsabilizou o anterior governo por ter optado por privatizar a 100% a empresa, o que o memorando da troika não previa, e acrescentou que cabe ao regulador avaliar a qualidade do serviço. "O regulador reforçou recentemente e de forma significativa os indicadores de qualidade de serviço e reforçou as condições de fiscalização dessa qualidade de serviço", acrescentou Pedro Marques à Lusa, sublinhando que agora "é preciso contar com o trabalho do regulador".
A privatização dos CTT foi um enorme erro e um assalto ao país https://t.co/lZURYoxl8x
— Catarina Martins (@catarina_mart) 22 de fevereiro de 2018