Catarina Martins esteve com as trabalhadoras da antiga Triumph, que montam guarda à porta da fábrica para evitar a saída de material.
Catarina Martins visitou esta terça-feira o piquete de trabalhadoras à porta da fábrica da antiga Triumph em Sacavém, que está em processo de insolvência. A coordenadora do Bloco destacou a importância de manter em funcionamento uma fábrica com 57 anos e 463 trabalhadoras altamente especializadas, “que fazem roupa que é considerada de qualidade em todo o mundo” e que estão agora sob ameaça de despedimento.
Catarina lembrou que quando a fábrica mudou de mãos, há um ano, “esteve aqui o ministro da Economia, prometeu-se um milhão de euros de investimento e um novo modelo de negócio para manter a capacidade produtiva e o emprego destas trabalhadoras”, que agora são confrontadas com a falta de investimento e de futuro.
“Estas trabalhadoras não recebem desde novembro e temem que o que está dentro da fábrica possa ser levado, e se isso acontecer não tenham direito a receber os salários e atraso e indemnizações”, acrescentou a coordenadora bloquista, defendendo que “este tipo de insolvências não pode acontecer em Portugal”.
“Temos vezes demais anúncios tonitruantes de investimentos, muitas vezes acompanhados de apoios públicos, que depois redundam em zero”, com os trabalhadores a ficarem “dia e noite à porta da fábrica, para que as coisas não sejam vendidas, e para saberem que pelo menos terão direito aos salários em atraso e as indemnizações”, prosseguiu.
“Pode um país como o nosso, que já tem tão pouca indústria, prescindir de fábricas que têm esta capacidade instalada, este know-how?”, questionou Catarina Martins. “O turismo é importante, seguramente. Mas o nosso país não vai sobreviver só de sol e mar, precisamos de indústria”, sublinhou.
No parlamento, o ministro da Economia respondeu a questões dos deputados sobre a situação da Triumph e disse esperar que seja encontrada uma solução em "que pelo menos se acautele os direitos dos trabalhadores".
"O que seria mais desejável é que aparecessem investidores para salvar a empresa e os trabalhadores", mas se tal não for possível que, "pelo menos, se acautele os direitos dos trabalhadores", afirmou Manuel Caldeira Cabral, citado pela Lusa.
“Mais do que códigos de conduta e juras de mudança precisamos de exclusividade de deputados”
Questionada sobre a proposta do PS acerca de um código de conduta para deputados, Catarina Martins insistiu na necessidade de exclusividade de funções para os parlamentares e da criação de uma entidade fiscalizadora. "Mais do que códigos de conduta e juras de mudança precisamos de exclusividade de deputados, de densificar a legislação sobre impedimentos e incompatibilidades de todos os titulares de cargos públicos e cargos políticos e de uma entidade fiscalizadora, com capacidade de investigar, para poder ser efetiva e para a lei não ser letra morta", afirmou a coordenadora bloquista.
Lembrando que o Bloco de Esquerda foi determinante na abertura deste debate “quando apresentou propostas diferentes numa altura em que não estava a ser discutido este tema”, Catarina sublinhou que “a nossa proposta é clara: os deputados devem exercer o seu mandato em exclusividade de funções porque caso contrário há sempre conflitos de interesse que são dificilmente sanáveis". Por outro lado, "nada disto funciona sem entidades de fiscalização”, pelo que propõe “uma Autoridade da Transparência, que possa fiscalizar as incompatibilidades e os impedimentos dos titulares de cargos políticos”.